Quarta-Feira, 06/06/2012, 03:11:11 - Atualizado em 06/06/2012
(Foto: Cezar Magalhães)
Por trás dos cartazes de protesto em frente ao Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), em Belém, uma história triste e dramática envolvendo uma família humilde e sem recursos. Kelvys Simão dos Santos, de dois anos, chegou andando ao hospital acompanhado pelo pai, Antônio Carlos Santos. Lá dentro, o garoto teria morrido, segundo o pai, após quatro sessões seguidas de aerosol. Para espanto da própria família, em Cotijuba, cidade natal do menino, durante o velório, Kelvys teria falado e pedido água. Foi então levado às pressas até a unidade de saúde, mas parou de respirar antes de ser atendido.
Os familiares de Kelvys procuraram a Seccional de Icoaraci, na tarde da última segunda-feira (4), para registrar Boletim de Ocorrência contra o hospital, por negligência médica. Segundo o pai, o menino foi dado como morto às 19h de sexta-feira (1), apresentando novamente sinais de vida por volta de 15h30 de sábado, 2. Foi enterrado na tarde do mesmo dia.
A criança foi encaminhada para o Abelardo Santos devido à falta de equipamentos e médicos em Cotijuba. Kelvys estava com quadro de insuficiência respiratória, broncopneumonia e desidratação. “Meu filho estava bem. Fiquei surpreso quando falaram que ele tinha morrido. Logo perguntaram se eu tinha condições de fazer o traslado do corpo e eu disse que não. Foi então que me ofereceram serviço funerário”, conta o pai do menino.
Antônio diz que o hospital ficou com as três vias do atestado de óbito, mas as três cópias do documento ficaram com a funerária que levou o corpo até o trapiche de Icoaraci. Um caixão foi então providenciado para a criança, de maneira gratuita.
ENTERRO
Segundo Antônio, uma psicóloga do hospital ainda teria dito para que ele não procurasse o Instituto Médico Legal (IML), uma vez que a instituição lhe cobraria uma série de taxas. Em Cotijuba, o enterro estava marcado para 14h, mas atrasou.
“No velório, eu falei: ‘Filho, volta pro papai’. E por volta de 15h30 meu filho levantou do caixão e falou: ‘Pai, água’. Todo mundo levou um susto, teve gente que desmaiou e outros começaram a louvar a Deus. Ele tomou água e todo mundo começou a gritar falando para levar ele pro hospital”, lembra o pai, ainda emocionado.
O menino também teria arrotado e cuspido um pedaço de algodão. Uma parente teria passado óleo ungido na boca do menino. Antônio abraçou o filho e levou de moto para a Unidade de Saúde de Cotijuba.
Chegando lá, o médico de plantão deu a criança como morta. “Ele (médico) disse que se o meu filho estava vivo teria morrido no caminho do hospital”. O pai de Kelvys acredita que o HRAS foi negligente e que poderia ter salvado a vida do menino. “Eu quero justiça. Ele tinha chance de sair daqui vivo”, protesta, com lágrimas nos olhos.
INQUÉRITO
Amiga da família, Maria Raimunda Santos estava participando do protesto. “Eu já vi muita coisa nessa vida. Mas aquilo foi algo realmente sobrenatural”, conta.
Maria diz que veio de Cotijuba para cobrar uma atitude dos governantes. “Cotijuba também está abandonada. Eles só vão fazer alguma coisa quando alguém do poder público morrer”, reclama.
A diretora da Seccional de Icoaraci, Elizeth Cardoso, disse que vai abrir inquérito. “Vamos ver o que realmente aconteceu, ouvir médicos, pegar os prontuários, para então dar algum parecer. Não tenho como fazer um pedido de exumação, como o pai pediu. Tudo tem que ser investigado”. Em nota, a direção do Abelardo Santos informou que o paciente Kelvys foi internado às 15h34 da última sexta-feira,1, com febre de cinco dias e falta de ar há três dias. O menino foi examinado pela médica de plantão, que constatou desidratação e pneumonia, solicitando exames de laboratório e Raios-X.
No mesmo dia, às 19h30, Kelvys teve parada cardiorrespiratória, com morte registrada às 19h40, segundo a nota. A declaração de óbito aponta como causa da morte insuficiência respiratória, broncopneumonia e desidratação. Ainda segundo a nota, o pai informou que não tinha como arcar com o funeral e por isso foi acionado o auxilio-funeral da Fundação Papa João XXIII.
(Diário do Pará)
Os familiares de Kelvys procuraram a Seccional de Icoaraci, na tarde da última segunda-feira (4), para registrar Boletim de Ocorrência contra o hospital, por negligência médica. Segundo o pai, o menino foi dado como morto às 19h de sexta-feira (1), apresentando novamente sinais de vida por volta de 15h30 de sábado, 2. Foi enterrado na tarde do mesmo dia.
A criança foi encaminhada para o Abelardo Santos devido à falta de equipamentos e médicos em Cotijuba. Kelvys estava com quadro de insuficiência respiratória, broncopneumonia e desidratação. “Meu filho estava bem. Fiquei surpreso quando falaram que ele tinha morrido. Logo perguntaram se eu tinha condições de fazer o traslado do corpo e eu disse que não. Foi então que me ofereceram serviço funerário”, conta o pai do menino.
Antônio diz que o hospital ficou com as três vias do atestado de óbito, mas as três cópias do documento ficaram com a funerária que levou o corpo até o trapiche de Icoaraci. Um caixão foi então providenciado para a criança, de maneira gratuita.
ENTERRO
Segundo Antônio, uma psicóloga do hospital ainda teria dito para que ele não procurasse o Instituto Médico Legal (IML), uma vez que a instituição lhe cobraria uma série de taxas. Em Cotijuba, o enterro estava marcado para 14h, mas atrasou.
“No velório, eu falei: ‘Filho, volta pro papai’. E por volta de 15h30 meu filho levantou do caixão e falou: ‘Pai, água’. Todo mundo levou um susto, teve gente que desmaiou e outros começaram a louvar a Deus. Ele tomou água e todo mundo começou a gritar falando para levar ele pro hospital”, lembra o pai, ainda emocionado.
O menino também teria arrotado e cuspido um pedaço de algodão. Uma parente teria passado óleo ungido na boca do menino. Antônio abraçou o filho e levou de moto para a Unidade de Saúde de Cotijuba.
Chegando lá, o médico de plantão deu a criança como morta. “Ele (médico) disse que se o meu filho estava vivo teria morrido no caminho do hospital”. O pai de Kelvys acredita que o HRAS foi negligente e que poderia ter salvado a vida do menino. “Eu quero justiça. Ele tinha chance de sair daqui vivo”, protesta, com lágrimas nos olhos.
INQUÉRITO
Amiga da família, Maria Raimunda Santos estava participando do protesto. “Eu já vi muita coisa nessa vida. Mas aquilo foi algo realmente sobrenatural”, conta.
Maria diz que veio de Cotijuba para cobrar uma atitude dos governantes. “Cotijuba também está abandonada. Eles só vão fazer alguma coisa quando alguém do poder público morrer”, reclama.
A diretora da Seccional de Icoaraci, Elizeth Cardoso, disse que vai abrir inquérito. “Vamos ver o que realmente aconteceu, ouvir médicos, pegar os prontuários, para então dar algum parecer. Não tenho como fazer um pedido de exumação, como o pai pediu. Tudo tem que ser investigado”. Em nota, a direção do Abelardo Santos informou que o paciente Kelvys foi internado às 15h34 da última sexta-feira,1, com febre de cinco dias e falta de ar há três dias. O menino foi examinado pela médica de plantão, que constatou desidratação e pneumonia, solicitando exames de laboratório e Raios-X.
No mesmo dia, às 19h30, Kelvys teve parada cardiorrespiratória, com morte registrada às 19h40, segundo a nota. A declaração de óbito aponta como causa da morte insuficiência respiratória, broncopneumonia e desidratação. Ainda segundo a nota, o pai informou que não tinha como arcar com o funeral e por isso foi acionado o auxilio-funeral da Fundação Papa João XXIII.
(Diário do Pará)
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